segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Confissões de mulherzinha pré-30



Tou cada vez mais perto dos 30. Depois de uma crise daquelas - não a dos 30, mas a dos “pré-30”, que talvez seja bem mais severa, me parece que ela está passando e, vejam só, até estou gostando da ideia de, daqui a pouco, fazer 30.


O que me incomoda - aliás, o que SEMPRE me incomodou - é meu arzinho de menina, que me deixa mais perto dos 20 do que da outra ponta da década, mesmo a essa altura do campeonato. As mais velhas acham isso o máximo, mas o problema é a falta de credibilidade que essa cara me dá, apagando sem piedade alguma experiência que, sim, eu já acumulo. Queridas senhoras, essa carinha tem currículo, um portfolio de alegrias, frustrações, de fichas que caíram, de revisões, de lágrimas secas pelo tempo, de realizações, de abacaxis descascados, de mancadas, de determinações e de decisões.


Além da cara, há dois outros aspectos: a irreverência e a necessidade do movimento. Por que os adultos entendem a idade adulta como o momento de estagnar? Parece que o movimento de vida é próprio dos adolescentes, e basta alguém crescido aparecer com um corte de cabelo diferente, uma tatuagem, um hábito inesperado pra ouvir o coro dos anciãos dizendo “pronto, adolesceu”, quando na verdade é uma característica inerente daqueles que veem que a vida merece ser desfrutada a cada flor que se abre. E elas se abrem, cada uma, apenas uma vez.


E como ser irreverente deixando de lado a meninice? Por que o adulto deve gostar das cores neutras, ler livros burocráticos, fazer atividades programadas, seguir modelos que não foram nem ele que escolheu? Por que a tentativa e a experimentação é vista como própria das crianças e ponto final? Por que a fuga de determinados padrões acaba ficando atrelada a um certo “deboche” da vida? Não é por essa visão que vou deixar de levar o trabalho a sério, de pagar minhas contas, de planejar um futuro, de desejar um filho.


E como ser irreverente, manter o movimento da vida e ser elegante, altiva, charmosa - Mulher - sem pender pra uma artificialidade que, em mim, ficaria ridícula e impossível de cultivar? O ar adolescente é próprio deles e cada idade tem em si sua beleza. E é difícil encontrar um denominador-comum perto desses míticos 30 anos. Talvez os 40 me reservem a resposta para todas essas perguntas. Ou não?

4 comentários:

  1. Tati! A mamãe amou teu texto.
    Cara de garotinha , jeito de garotinha é nosso, tem a quem puxar hehe.
    Lembro quando vocês( meus filhos) eram pequenos que as pessoas me viam na rua com vocês e me perguntavam se eram meus irmãos , ficava furiosa pois o maior orgulho da minha vida foi ter meus filhos, pensava : poxa vida eu engravidei, pari , criei e ainda perguntam isso?
    Uma vez numa loja eu e Alex ( meu filho) a atendente achou que ela era meu namorado, imagina ,pra mim aquilo foi horrível fiquei com vergonha de seu irmão.Quando eu tinha 18 na época pra eu entrar no cinema eu tinha que mostrar identidade.
    Bem por outro lado quando você chegar nos 45 ou 50 vai gostar porque te acham bem mais nova do que aparenta.Isso hoje pra mim que estou nos meus 51 é maravilhoso. Um bju grande da mamãe que te ama muito .Sayonara

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  2. Tão pouco
    me importa
    os 30
    com cara
    de 20
    ou os 30
    com maturidade
    dos 40
    Tudo que tens
    me basta

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  3. Muito bom seu texto...

    Sinto-me da mesma maneira, ter aparência de 20 anos, no entanto ter uma década a mais. Vejo nós olhares a falta de credibilidade que minha natureza passa, ainda mais por gostar de esportes radicais e me vestir "surfstyle" as coisas ficam mais difíceis ainda, contudo vejo pontos positivos! Quando eu tiver 40 e aparentar 30 ou ainda 50 com cara de 40 isso será minha redenção..rss

    Abraço Tati.

    FB..

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