domingo, 25 de dezembro de 2011

Maré alta, maré mansa

A moça da praia,
A ver navios,
Espera o subir da maré
Na época da lua cheia
E enche seu coração de júbilo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

À deriva


Chega a meus pés
Trazida por uma pequena vaga escumosa
A garrafa com a mensagem dentro.

Eu sozinha, na beira da praia
Numa noite fresca e enluarada,
Saco resoluta a rolha que prende
No fundo do vidro
Todas as lágrimas do oceano.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Confissões de mulherzinha pré-30



Tou cada vez mais perto dos 30. Depois de uma crise daquelas - não a dos 30, mas a dos “pré-30”, que talvez seja bem mais severa, me parece que ela está passando e, vejam só, até estou gostando da ideia de, daqui a pouco, fazer 30.


O que me incomoda - aliás, o que SEMPRE me incomodou - é meu arzinho de menina, que me deixa mais perto dos 20 do que da outra ponta da década, mesmo a essa altura do campeonato. As mais velhas acham isso o máximo, mas o problema é a falta de credibilidade que essa cara me dá, apagando sem piedade alguma experiência que, sim, eu já acumulo. Queridas senhoras, essa carinha tem currículo, um portfolio de alegrias, frustrações, de fichas que caíram, de revisões, de lágrimas secas pelo tempo, de realizações, de abacaxis descascados, de mancadas, de determinações e de decisões.


Além da cara, há dois outros aspectos: a irreverência e a necessidade do movimento. Por que os adultos entendem a idade adulta como o momento de estagnar? Parece que o movimento de vida é próprio dos adolescentes, e basta alguém crescido aparecer com um corte de cabelo diferente, uma tatuagem, um hábito inesperado pra ouvir o coro dos anciãos dizendo “pronto, adolesceu”, quando na verdade é uma característica inerente daqueles que veem que a vida merece ser desfrutada a cada flor que se abre. E elas se abrem, cada uma, apenas uma vez.


E como ser irreverente deixando de lado a meninice? Por que o adulto deve gostar das cores neutras, ler livros burocráticos, fazer atividades programadas, seguir modelos que não foram nem ele que escolheu? Por que a tentativa e a experimentação é vista como própria das crianças e ponto final? Por que a fuga de determinados padrões acaba ficando atrelada a um certo “deboche” da vida? Não é por essa visão que vou deixar de levar o trabalho a sério, de pagar minhas contas, de planejar um futuro, de desejar um filho.


E como ser irreverente, manter o movimento da vida e ser elegante, altiva, charmosa - Mulher - sem pender pra uma artificialidade que, em mim, ficaria ridícula e impossível de cultivar? O ar adolescente é próprio deles e cada idade tem em si sua beleza. E é difícil encontrar um denominador-comum perto desses míticos 30 anos. Talvez os 40 me reservem a resposta para todas essas perguntas. Ou não?