domingo, 20 de fevereiro de 2011


Inspirada no texto do excelente blog da Anne, posto aqui uma das inúmeras pérolas que ouço em sala de aula, a título de comemorar o retorno, o eterno retorno.


PROFESSORA: Os poetas do Mal-do-século eram boêmios de carteirinha...

TURMA: (sussurros) Uau, que legal!

PROFESSORA: Passavam dias e noites bebendo nas tavernas...

TURMA: (sussurros) Esses sabiam das coisas!

PROFESSORA: Mas, como vocês sabem, o álcool diminui significativamente a quantidade de vitamina C no corpo, o que deixa a imunidade vulnerável. Assim, eles morriam muito cedo por causa de tuberculose e de doenças venéreas...

(Silêncio na turma)

PROFESSORA: ... bom, quanto à poesia dessa época, podemos ver a presença de hipérboles e outras figuras de linguagem. Alguma dúvida?

ALUNO: Tá, sora, então é só tomar um comprimido de vitamina C no outro dia que tá beleza?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

De Tucuruvi a Jabaquara (linha azul)

"São Paulo" (1924), de Tarsila do Amaral

Desço do metrô
Na dança ritmada dos passos apressados
São Paulo é formigueiro em profusão
Onde tudo acontece e onde nada se percebe.

Sou turista entre trabalhadores incansáveis
Consumo as ruas da cidade, souvenires de concreto
Sugo suas vielas, as avenidas, os museus,
A música incidental que vem dos ônibus,
A Paulista com a Augusta,
Os bares na Vila Madá, suas galerias obscuras,
Seus outdoors, o inusitado.

Quero beber o fluido que corre
Do seu amanhecer apressado
Sou turista no mercado municipal
Entre nordestinos, gaúchos, orientais
Essencialmente paulistanos
E sorvo dessa essência
Minha alma rapidamente entende e se adapta
Quer agregar, quer entranhar, conhecer.

Ainda que encantada,
Com os olhos cheios desse alvorecer colorigo e amargo,
Com o coração dividido
Entre a Ipiranga e a avenida São João,
Volto simplesmente por não pertencer.