quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cheiros



Ponho o nariz pra fora da sacada e sinto o cheiro do cachorro sujo da vizinha que mora no térreo. Se o sol ameniza alguns odores, potencializa outros bem piores.

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Uma vez senti um cheiro apetitoso que vinha da cozinha. Perguntei à minha mãe o que estava preparando no fogão, ao que ela riu e disse que fervia os panos da casa.

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Às vezes confundo o cheiro do papel queimando com o do açúcar caramelizado, o que já me rendeu prazeres furtivos seguidos instantaneamente de um breve pavor, ao subir as escadas do meu prédio.

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O cheiro de vela apagada que a alguns lembra aniversário a mim lembra fim de velório e, por consequência, o cheiro do pó-de-arroz que a bisa sempre usava.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


Dói saber das coisas.

Dói vestir a máscara-clichê de palhaço pra assistir sentada na poltrona de casa o sarro que Sarney, Paulo Duque, Yeda Crusius, seu ex-marido e companhia (i)limitada estão tirando de mim, que em prática estou de mãos atadas. Cada vez mais eu invejo a Velhinha de Taubaté e aqueles que se limitam a assistir novela e a ler livros de autoajuda. Invejo também as madames e o bando de adolescentes que agora está fazendo volume no shopping, achando que ganharam mais um tempo de férias. Pelo visto, o surto mais sério não é o da gripe A, que, pra essa, já tem remédio, ainda que caro. O ministério da saúde precisa advertir que umbiguismo faz mal à saúde.