terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

De Tucuruvi a Jabaquara (linha azul)

"São Paulo" (1924), de Tarsila do Amaral

Desço do metrô
Na dança ritmada dos passos apressados
São Paulo é formigueiro em profusão
Onde tudo acontece e onde nada se percebe.

Sou turista entre trabalhadores incansáveis
Consumo as ruas da cidade, souvenires de concreto
Sugo suas vielas, as avenidas, os museus,
A música incidental que vem dos ônibus,
A Paulista com a Augusta,
Os bares na Vila Madá, suas galerias obscuras,
Seus outdoors, o inusitado.

Quero beber o fluido que corre
Do seu amanhecer apressado
Sou turista no mercado municipal
Entre nordestinos, gaúchos, orientais
Essencialmente paulistanos
E sorvo dessa essência
Minha alma rapidamente entende e se adapta
Quer agregar, quer entranhar, conhecer.

Ainda que encantada,
Com os olhos cheios desse alvorecer colorigo e amargo,
Com o coração dividido
Entre a Ipiranga e a avenida São João,
Volto simplesmente por não pertencer.

3 comentários:

  1. Ducaralho. Uma delícia de ler.
    Tô indo prá Sampa City, la Grand Ciudad, daqui a pouco mais de duas semanas. Bom demás.

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  2. Que legal, aproveita!
    Poeminha escrito de dentro do avião, ao som do Band of Joy, por sinal. Tou amando esse álbum!
    Beijo.

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  3. sin palabras... lindísimo.

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