
Ponho o nariz pra fora da sacada e sinto o cheiro do cachorro sujo da vizinha que mora no térreo. Se o sol ameniza alguns odores, potencializa outros bem piores.
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Uma vez senti um cheiro apetitoso que vinha da cozinha. Perguntei à minha mãe o que estava preparando no fogão, ao que ela riu e disse que fervia os panos da casa.
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Às vezes confundo o cheiro do papel queimando com o do açúcar caramelizado, o que já me rendeu prazeres furtivos seguidos instantaneamente de um breve pavor, ao subir as escadas do meu prédio.
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O cheiro de vela apagada que a alguns lembra aniversário a mim lembra fim de velório e, por consequência, o cheiro do pó-de-arroz que a bisa sempre usava.