terça-feira, 3 de junho de 2008

Espaços vazios


(Desenho meu. Não sei de quando, só sei que é BEM antigo)

Reflexões acerca do tema da minha dissertação:

Os espaços vazios nascem hoje na selva. De pedra. Brotam no concreto e crescem com o barulho da rua, no canto de um bar qualquer.

Um bar não é um espaço vazio.

O espaço vazio é aquilo que o homem urbano e contemporâneo cria quando da sua situação híbrida de ator e espectador de si mesmo, e essa imagem é triste, porque traz um nada não absoluto. Se ele fosse absoluto, seria nada e pronto; mas um nada não absoluto é vulnerável, inconstante e perigoso. Ele sempre traz em si uma brecha por onde escapa a ansiedade.

Do nada.

Para o concreto também se volta essa ansiedade e – lá está ela – nos sinais, nos outdoors, nos shoppings, nos bares, nas buzinas, nas salas de jantar, nos blogs, nas estantes empoeiradas e tudo o que alude um universo urbano em transformação. O espaço vazio surge quando há opções demais, autonomia demais, liberdade demais, ética de menos.

Perplexidade de menos.

O espaço vazio é um zero perplexo.

Não há mais surpresas, porque de tudo já se experimentou, já se viu; tudo já se esgotou e o homem sabe que o limite agora são seus valores – que estão cegos e caducos. O que tenta o homem? Ele segue a linha vaga que separa o pensamento da ação e testa a vulnerabilidade do nada absoluto.

Há somente grades de ferro transpostas pelas palavras.

Um comentário:

  1. Lá vai a Tati.. transformando, com suas palavras, o espaço em ambiente.
    Beijo. Papai.

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