sexta-feira, 30 de maio de 2008

O guardador de instantes


(Gravura de Franz Krajcberg - acervo do MAM/SP)

Eu entro pra trupe de Caeiro
Não penso nada não faço nada
Não sou ninguém.

Eu quero uma casa no campo
Quero Marília nua na janela
Sentar na cadeira vazia
Não ser ninguém.

Eu passo leve como o vento
Eu visto a camisola eu bebo água
Deixo os pés descalços os filhos descalços
Descalço os medos os modos
As mães as coisas. Eu boto o pé na lama
Eu jogo truco eu varo a noite
Faço uma seresta um desenho uma careta
Amor escândalo e silêncio.

Eu não sou ninguém.

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