O trabalho só nos reserva alvíssaras quando se faz o que se gosta, não simplesmente quando se gosta do que se faz. E o que vivi na noite de hoje foi algo absurdamente gratificante. Sinal de missão cumprida, impressão de fazer algo bem-feito dentro do sistema do qual não temos escapatória.
Fui a um encontro de uma turma de alunos de segundo ano do Ensino Médio. Salão de festas, refrigerante e Homem-Pizza. No iPod amplificado, muito Beatles, AC/DC e alguma coisa de Kid Abelha pra dar uma descontraída. Afora a parafernalha que preenche a estética mais contemporânea, me senti numa verdadeira reunião dançante dos anos 90. De repente, um pequeno grupo começa a falar de livros.
Mas não qualquer Crepúsculo da vida, e sim 1984, O pequeno príncipe, Ensaio sobre a cegueira, biografia do Tim Maia, do Getúlio – leituras procuradas pelos próprios alunos, instigados cada um por um motivo especial e particular. Indivíduos. Pessoas preocupadas em pensar.
Nos sentamos em um cantinho reservado e o papo, por cerca de duas horas, não foi outro: boas leituras (ou o que faz de um livro uma boa leitura), bons filmes e o que mais pode ser referência em termos de cultura geral (bons vinhos também é um assunto que se encaixaria. Mas isso vem com o tempo, e eu não tenho pressa com essa gurizada). O que é possível apreender da condição humana fora dos muros da escola. Ou melhor, na schola grega, no seu sentido literal: o tempo livre. E se travou aí uma química bárbara entre duas professoras e alguns alunos sedentos por conhecimento. Não o conhecimento enciclopédico e erudito, mas aquele que, compartilhado e orientado, forma gente esclarecida, com papo, com personalidade, com perspectivas mais amplas pra compreender seu próprio tempo.
Saí daquele encontro feliz, satisfeita com o ser humano, e satisfeitíssima em saber que o meu trabalho me permite conhecer pessoas assim: adolescentes com suas características típicas, com seus conflitos típicos, mas com um desejo latente de sair do lugar-comum. Ana, Henrique e Jonas, gostaria que vocês soubessem que, muito além de eu ser alguém que pode orientá-los nas suas “descobertas culturais”, sou uma pessoa que os admira profundamente.
Rô, obrigada pela parceria.
Só queria complementar dizendo que nosso papo rendeu um passeio pela livraria hoje a tarde, de onde saímos nas mãos com o livro Mãos de Cavalo! Obrigada Tati, por ser tão boa no que faz! Bjo
ResponderExcluirQue legal, que legal!! Mas o mérito é nosso.
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