De repente me vi sem meu violão. Do outro lado do mundo, vivendo o que não vivi, escancarando porta atrás de porta, descortinando o mundo, mas sem meu violão.
E pela primeira vez me dou conta de que sempre o tive ao alcance da mão pra alguma emergência.
Alguém um pouco menos sensível questionaria que tipo de emergência poderia ser sanada com um violão. É uma urgência da alma, um partir de coração absolutamente involuntário, um soluçar profundo, um oceano que precisa de uma praia pra desaguar. E quando não se encontra essa praia, esse alívio pra alma que de uma hora pra outra reivindica mais espaço, parece que não se tem mais braços, parece que se está preso em um escafandro, no fundo desse oceano.
Daí, diante de toda essa melodia que quer sair - que PRECISA sair urgentemente, nada mais importa, nada dá conforto: nem o fato de viver uma aventura, nem um colo, nem um vinho, nem uma gaita de boca. Só meu violão.
(O texto tá horrível, mas é fruto de uma pulsão que deveria ter sido canalizada de outra forma.)